Numa casa humilde, localizada em Mulungu da Lagoa Preta - BA, vive Maciel de Jesus, 9 anos. Nossa visita começa em uma estrada de barro, cercada por casas simples, de cores contagiantes, e uma vista privilegiada que se forma com o campo aberto mesclado de terra e vegetação. Ao fundo, as imagens das serras ao longe terminam de compor o nosso cenário. Logo na entrada, a frase “Eu amo pai e amo mãe”, escrita em lápis de cor, decora a parede de casa.
Seu José Amilton, 44 anos, lavrador, e dona Josefa de Jesus, dona de casa cuja idade não foi revelada – “Tenho uns quarenta e poucos” – são os pais de Maciel. Sentados na sala de entrada da casa, eles nos contam sua história.
Em 2004, com 3 anos, Maciel foi diagnosticado com câncer de próstata. Um certo dia, ele acordou com inchaço na barriga e sem conseguir urinar, o que preocupou os pais. Do Hospital Público de Paripiranga foi encaminhado para Aracaju, onde ficou 16 dias internado, e retornou para casa com uma sonda que servia para esvaziar a bexiga.
Passados quatro dias, uma nova crise. Maciel e o pai seguiram para o hospital João Alves mais uma vez, e no corredor da urgência aguardaram atendimento, até que foram encaminhados para o setor de oncologia. Mesmo lá, seu José não entendia direito o que estava acontecendo, nem o que o filho tinha. Não sabia ainda que era câncer, e mesmo quando soube, não compreendia a doença.
Com um mês de tratamento, eles descobriram o Grupo de Apoio a Criança com Câncer de Sergipe. “O Gacc me dá força e me ajuda até hoje. A hora que eu mais precisei, vocês chegaram”, conta seu José. Segundo ele, o momento mais difícil durante o tratamento do filho aconteceu depois da cirurgia que precisou ser feita quando a quimioterapia e a radioterapia não estavam surtindo o efeito esperado. Depois da cirurgia, veio a febre, e precisaram correr mais uma vez ao pronto socorro. Durante o tratamento, Maciel ainda passou por mais uma complicação com o aparecimento da pneumonia.
O momento mais feliz seu José conta que vive agora, com o filho na chamada fase de controle e distante apenas um ano de alcançar completamente a cura. “Desde o tempo que ele saiu do tratamento, já tem quatro anos de controle, e ele nunca mais teve nenhuma complicação, nenhuma febre, graças a Deus”.
Quando questionado sobre qual a mensagem que deixaria para aqueles que ainda estão na jornada pela cura, seu José não hesita: “Todo pai, toda mãe que estiver na luta continuem que vão vencer”.
Terminada a história, Maciel nos apresenta sua casa: dois quartos, uma sala e uma cozinha, tudo humilde, mas nos apresentado com muito orgulho. Ao fundo está o banheiro e se ergue uma plantação de milho de algum dos vizinhos. É ali também que se encontra o cachorro da família. Maciel nos mostra sua bicicleta e sem qualquer vestígio de medo, característico das crianças ou de alguém que já foi muito desafiado pela vida, ele corre pela pista de barro e nos convida a fazer o mesmo. Diante disso, não podemos deixar de segui-lo.
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