José Jairo Santana Carvalho, 23 anos, está prestes a ser pai. Casado e com casa própria, Jairo vive em Paripiranga, na Bahia, e trabalha como recepcionista em um hotel da região, enquanto a esposa estuda Farmacêutica. Essa é apenas uma pequena parte de uma história marcada por grandes vitórias.

Diagnosticado com linfoma na virilha aos 10 anos de idade, Jairo faz parte da estatística de crianças e adolescentes que conseguiram se curar do câncer infanto-juvenil. Durante os dois anos de quimioterapia e sessões de radioterapia, Jairo conta que praticamente viveu no Grupo de Apoio a Criança com Câncer de Sergipe. Afastado do colégio, dos amigos e da cidade natal, era no Gacc que procurava apoio para tentar esquecer a doença e suportar os transtornos e desafios do tratamento.

“Se não fosse o Gacc, hoje eu tenho certeza que eu não estaria aqui. Pela distância e pela questão financeira, que eles me ajudaram bastante, sem contar o apoio moral que eles me davam. A gente fica muito abatido por causa do tratamento, por ter que deixar o colégio e os amigos, e eles sempre me motivaram. Hoje eu agradeço muito, primeiramente a Deus, a minha mãe e ao Gacc”.

Essa jornada teve início quando a avó encontrou um pequeno caroço ao dar banho no neto. Na época, o diagnóstico errado dado pelo Hospital Municipal da cidade adiou o tratamento adequado.  “Com o tempo o caroço começou a crescer e eu tive muita febre e dores nas pernas, e fui encaminhado para Aracaju. Quando cheguei eu lembro que fui para a emergência e fiz vários exames, com pouco tempo já saiu a biópsia e informaram que teria que ser feita uma cirurgia”.

Depois de passar pelo Hospital Cirurgia e pelo Hospital João Alves, Jairo foi apresentado ao Gacc/SE. “Na época eu era pequeno e não tinha muita noção, mas lembro que minha família ficou bastante abatida. Também tinha um pouco de preconceito porque as pessoas não sabiam direito o que era a doença, aqui na região acho que fui um dos primeiros casos que apareceu, então eu sofri um pouco com isso, mas com o apoio da minha família e do Gacc eu consegui superar tudo”.

Jairo conta que muitas vezes se sentia abatido e chegava a perder a vontade de lutar, mas a mãe, ao lado do Gacc, sempre lhe deu força. “Se em algum momento ela perdeu a esperança, nunca transmitiu isso para mim. Fred, Ulla e os voluntários também sempre me motivavam. Lembro que quando eu entrei no Gacc a instituição ainda estava começando em uma casinha pequena mas super aconchegante. A gente recebia muito amor lá dentro”.

Ao longo do tratamento, vendo alguns amigos falecerem, Jairo lembra que chegava a pensar que o mesmo iria acontecer com ele, mas felizmente o seu destino foi outro. “Receber a notícia de que eu estava curado foi como nascer de novo”, conta ele.